Você se considera uma queridinha da Globo?
Acho que ser solicitada é fruto de disciplina, postura e profissionalismo. Visto a camisa da equipe, me preocupo com todos a minha volta, não tenho exigências, não dou trabalho! Me sinto, sim, muito querida por todos na Globo, mas não posso dizer que sou "A queridinha". Somos várias queridinhas!
Com várias protagonistas no currículo, você aceitaria papéis menores numa novela?
Claro que faria coadjuvantes! O importante para mim não é o tamanho do papel, mas a profundidade. Ainda me falta fazer tudo na televisão. Costumo não me arrepender de nada na vida, pois até os piores momentos trazem benefícios. É no sofrimento que se cresce. É uma carreira sólida, transpassada de dedicação.
Como explica o fato de você ainda fazer sucesso mesmo longe da TV?
Não sei dizer ao certo. Não subo no pedestal que tentam me colocar. Tenho uma essência livre, compassiva, justa e carismática. Sou ser humano como todos. Também erro, choro e pago contas. Sou discreta naquilo que diz respeito a uma intimidade inerente. Fiz um twitter (@fantinpri) para ser mais acessivel e tirar essa barreira da celebridade.
Sua forma de lidar com a fama hoje é diferente de quando você começou?
É diferente de modo geral. Em 1999 (quando estreou em "Malhação, aos 16 anos) a velocidade e a voracidade não eram sem freio. Eu não sabia o que estava por vir, não sonhava com a fama, portanto não imaginava esse lugar. Hoje estou mais madura e isso ajuda a lidar melhor com tudo.
E como superou a crise existencial que teve no início da carreira?
Houve uma crise pela exposição. Sou reservada, tímida, não gosto de chamar atenção e isso tudo começou a acontecer sem eu ter tido vontade nem tempo de perceber que aconteceria. Estava trabalhando para ter minha independência financeira, não para aparecer. Estava longe da família, das amigas, não estava feliz pessoalmente, trabalhava muito e, no tempo que restava, eu estudava. E ainda tinha que ser falada, observada, julgada, medida por todos. Eu não entendia aquilo! Quis largar tudo e voltar para Belo Horizonte. Mas, entrei na faculdade (de Publicidade), podia pagá-la com meu trabalho, arrumei um namorado (o ator Renan Abreu), ganhei uma cachorrinha e fui ficando.
Está pronta para cortar de vez o cordão umbilical de Romeu?
Sou eu ou o Renan quem cuida do Romeu quando o outro está trabalhando. O Renan é uma mãe. Quando os dois não podem, contamos com as avós e tios. Romeo logo faz 2 anos, já está na escolinha e não é mais tão dependente da mãe. É bom que esse desmame está acontecendo aos poucos
A sua forma física também sempre foi muito explorada. Como lida com a questão do corpo e vaidade?
A beleza só aparece quando estamos de bem com a vida. Não cuido do corpo, cuido da alma. Nossa felicidade é o principal tratamento de beleza. O que me faz feliz é ver bem quem eu amo e a simplicidade do dia a dia! Aceito bem minha estrutura física (músculos com predominância de fibra branca, ossatura larga), não tento me encaixar num padrão, apenas faço do meu corpo um "ambiente" saudável e a alimentação natural também faz parte disso.
O que mudou na sua forma de pensar e agir com a chegada dos 30?
Difícil explicar. Mas acho que foi a experiência desses 30 anos. Tudo que já vivi foi aprendizado. A maternidade te coloca uma lente a mais na forma de ver o mundo.
Quais são seus planos profissionais para quando a peça ("A entrevista", em cartaz no Teatro das Artes) acabar?
Quero tentar viajar com a peça! Fora essa vontade, estamos produzindo, Renan e eu, uma outra para o ano que vem, na qual vamos atuar juntos. Uma ator nunca para de aprender e de se testar.
Por falar na peça, o que você tem de semelhante e diferente da sua personagem Mariah?
Temos a mesma profissão e status, mas nossa conduta é praticamente oposta! Nunca fiz uma entrevista nas mesmas condições que ela (na peça, a estrela Mariah é entrevista pelo jornalista político Pedro Pierre, personagem de Herson Carpi, dentro do próprio apartamento da atriz). Sempre há mais gente envolvida e o local também é neutro. Não me lembro de ter me deparado com um repórter tão preconceituoso em relação a mim (Pedro chega à entrevista com conceitos já definidos, e nada positivos, sobre Mariha). Ela é a personagem mais cheia de camadas que já caiu nas minhas mãos. Ela vive diferentes emoções em minutos, o gráfico emocional dela é frenético! Aprendi outros pontos de vista sobre alguns conceitos. O que me encantou também foi a profundidade do texto, o drama do vazio existencial de cada um. Vale a pena discutir na peça sobre a superficialidade das relações em geral, sobre o julgamento que fazemos do outro e sobre nossos valores".