28 de jan. de 2015

Priscila Fantin e João Pedro Zappa falam sobre 'Sonhos de um Sedutor'



Adaptar um texto do mestre Woody Allen já é uma grande responsabilidade; fazer uma versão para a história cujo protagonista é o alterego do cineasta, então, nem se fala. Coube a Ernesto Piccolo o desafio de trazer para os palcos brasileiros o espetáculo “Sonhos de um Sedutor”, que estreou em 2013 no Rio de Janeiro. Depois de uma temporada com todas as sessões lotadas e um bem-sucedida turnê, a peça reestreou no Teatro Tom Jobim com o elenco repaginado: Priscila Fantin e João Pedro Zappa estrelam a nova versão, substituindo Luana Piovani e George Sauma.


A trama conta a história de Allan Felix, um crítico de cinema abandonado pela esposa, que se apoia na namorada de seu melhor amigo para conhecer outras garotas – oito estereótipos femininos são interpretados pela atriz Georgiana Góes. Heitor Martinez fecha o elenco na pele de um imaginário Humphrey Bogart, saído diretamente de "Casablanca", que lhe dá conselhos um tanto quanto dúbios sobre como tratar as mulheres. Confira um divertido bate-papo entre Priscila e Zappa:

Priscila Fantin: O Allan é um cara divorciado, mais velho que você. Essa foi uma questão ou as neuroses dele são suficientes para envelhecê-lo?
João Pedro Zappa: Normalmente não me preocupo muito em compor uma idade, acredito que as situações do texto te oferecem o que o personagem demanda. No caso do Allan, suas neuroses são suficientes para imprimir um personagem mais velho. Mas claro que o Neco (Ernesto Piccolo) ficou atento para dar um ar convincente aos 29 anos que Allan Felix se vangloria de ter no texto.
É uma delícia acompanhar as confusões mentais que ele propõe aos personagens"
Priscila Fantin

PF: Qual a maior dificuldade que encontrou nessa montagem?
JPZ: A maior dificuldade foi o pouco tempo que tivemos para ensaiar. Por se tratar de uma substituição, não houve o tempo habitual de ensaio, e, como é muito texto, foi um desafio neste sentido, pegar tudo tão rápido e encontrar minha forma de fazer um personagem tão característico num curto período. Mas tive a facilidade de ser fã do Woody Allen de longa data.

PF: Foi mais fácil ou mais difícil substituir um amigo?
JPZ: George Sauma é um dos meus melhores amigos na vida e também um grande parceiro no palco. Estamos em cartaz juntos em duas peças, inclusive: “A Importância de Ser Perfeito”, em que somos uma dupla, fazemos duas moças e fomos indicados a Melhor Ator juntos; e também o infantil “Pedro Malazarte e a Arara Gigante”, de Jorge Furtado, que nos rendeu indicações a prêmios nas categorias de Ator para o George e Ator Coadjuvante para mim. Substitui-lo não é uma tarefa fácil, porque ele tem uma assinatura muito forte. Assisti à estreia de “Sonhos de um Sedutor” em 2013 e achei a atuação dele como Allan Felix brilhante! Quando fui chamado para entrar em seu lugar, vi o DVD da peça uma só vez, pra ver as marcas e as movimentações de cena, e depois me desapeguei das referências do George para encontrar minha própria maneira de viver o Allan.

João Pedro Zappa: Como é pra você interpretar a personagem que revelou ninguém menos que Diane Keaton?
Priscila Fantin: Eu me apaixonei pela Linda assim que li o texto. Depois, quando assisti a Diane fazendo, fiquei ainda mais encantada! Ela deu graça e leveza para essa mulher insegura e carente.

JPZ: Qual sua relação com a obra de Woody e especificamente com este texto?
PF: Não conheço tanto a obra dele quanto gostaria. Mas tudo o que vi me trouxe certeza de gostar dessa linguagem. Sou tão questionadora quanto ele e é uma delícia acompanhar as confusões mentais que ele propõe aos personagens. Esse texto específico conheci agora, quando Miguel Colker, produtor que comprou os direitos da obra para o Brasil, me mandou. Depois assisti a trechos do filme de 1972. Acho uma graça! Amo o Allen!

JPZ: Como você se preparou para vestir a personagem?
PF: Assisti ao VT da peça com a Luana e prestei muita atenção nos movimentos que a Deborah Colker (responsável pela preparação corporal do espetáculo) definiu para ela. Como não teríamos tempo para essa mesma preparação, me adequei ao que já estava estabelecido, corporalmente falando. A psique da Linda não é tão complicada de se entender. A situação da peça revela a personalidade dela sem voltas. Tivemos pouco tempo de ensaio antes da reestreia, então na primeira semana a preocupação era de memorização do texto. Na segunda, registrar toda a movimentação de cena já com as intenções, objetos de cena, contrarregragem, trocas de roupa, entradas e saídas, ritmo... Agora, já adequados, me sinto livre para descobrir particularidades mais profundas da Linda.


FONTE: GloboTeatro

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