18 de mar. de 2014

Jogo de Xadrez retrata cenário de escândalos e corrupção


Priscila Fantin, Carla Marins, Antonio Calloni, Tuca Andrada estão no elenco do filme Jogo de Xadrez, que estreia nesta quinta, em circuito nacional. Primeiro longa dirigido por Luis Antonio Pereira, a trama envolve escândalos políticos, corrupção e crime de colarinho branco. Trata-se de um filme de ação e suspense, em que seus personagens guardam muitos segredos.
No filme, Mina, personagem de Priscila Fantin, está na cadeia por causa de uma fraude na previdência social, que envolve o Senador Franco, interpretado por Antônio Calloni.
Dentro da cadeia, Mina sofre ameaças do diretor, vivido por Tuca Andrada, que é contratado do senador para fazê-la fechar a boca. Mas por ter personalidade forte, as tentativas são em vão e começa então um jogo de desafios e de luta pelo poder dentro da penitenciária, onde levará vantagem o mais forte e o mais inteligente. Em lances de idas e vindas, o clima de tensão é permanente e a sensação de opressão acompanha o espectador.
Em entrevista ao Jornal Meio Norte, a atriz Priscila Fantin diz que o filme é um triller de ação e denúncia pelo qual passam os conceitos de justiça e valores.
Segundo a atriz, Jogo de Xadrez foi todo criado pelo diretor Luís Antonio. Nada é verídico. No entanto, infelizmente, a corrupção e o sistema carcerário não são apenas assunto de filme, mas uma realidade presente no Brasil.
Sobre as pesquisas para composição do personagem, Priscila diz que a figura de Charlize Theron em Monster ajudou na sua caracterização. “O cabelo foi pensado em conjunto, postura, voz, tudo junto com o diretor. Nossa referência de composição foi meramente plástica”, comenta, acrescentando que a pesquisa de laboratório para respaldo emocional da personagem foi um pout-pourri de documentários, entrevistas, filmes e visitas ao ambiente carcerário.
Segundo o diretor Luis Antonio, o filme estava todo pensado desde 2008.Trata-se de um roteiro que ele já vinha desenvolvendo algum tempo. “Fiz uma história em que ninguém presta, como já disse meu distribuidor, o Tito Liberato. Tive algumas escolas, que são roteiros e roteiristas que me apaixonam como a do Poderoso Chefão, com a humanização daqueles personagens com uma moral tão duvidosa, ou Hitchcock, com sua maestria em tornar a intriga interessante mesmo que você saiba desde o começo quem é o vilão. E também estou sempre estudando. Tenho o cuidado de “apresentar” os personagens logo no começo do roteiro, e isso aprendi assistindo a grandes filmes”, diz ele.
Luis Antonio diz que gosta de surpreender e buscar a dramaticidade em momentos inesperados, de buscar uma situação de humor num drama. “A vida sem humor não existe. E, de novo, me inspirei muito e busquei aprender questões técnicas em grandes mestres do gênero. O filme é escuro, buscamos contrastá-lo na pós- produção, para dar uma dramaticidade especial”, explica, informando ainda que no interior da solitária, por exemplo, há apenas um fio de luz e isso é construído propositadamente para fazer um jogo com a situação ali retratada desde o começo no roteiro.
Em nenhum momento, o diretor se propôs a levantar alguma bandeira social. A história foi pensada nos Estados Unidos.
Sobre a atuação de Priscila, Luis Antonio diz que a atriz caiu de cabeça no personagem e trouxe uma força bem intensa para personagem. “Ela deu uma interpretação com muita expressividade no olhar. É muito bacana quando você dá a camisa de um projeto para uma pessoa e ela veste com garra. Eu uso essas metáforas com o futebol porque acho que é isso, em se falando de atores: somos mais como técnicos, motivadores de  talentos. Isso eu aprendi com a Maria Clara, dirigir o ator pelo que ele traz de bom. E, nesse sentido, acho que Priscila trouxe uma força cênica, como trouxe a Carla, a Luana e a Cíntia, que são estreantes no cinema”, declara.
Experiência com Maria Clara Machado
O diretor Luis Antonio Pereira começou sua carreira aos 18 anos, em curso com Maria Clara Machado. “Eu me formei na faculdade de jornalismo, mas, concomitantemente, cursei o Tablado. Em 1993 montei uma peça com Maria Clara Machado, eu então tinha 22 anos. Aprendi muito com ela sobre interpretação, é uma das minhas mestres”, afirma, esclarecendo que uma de suas orientações era dirigir com simplicidade.
No cinema, tudo começou com dublagens. “Trabalhei em uma produtora de cinema nos Estados Unidos, a Major League Productions, na qual desempenhei diversas funções e, dentre elas, as de roteirista, produtor e assistente de diretor.  A vontade de fazer filmes se fortaleceu ainda mais quando vi meu trabalho sendo exibido na TV. Comecei e pensar em novos roteiros de curtas e longas-metragens. Acabei me aprofundando no trabalho de roteirista, virei analista de roteiro da produtora e já, há doze anos, trabalho com o texto para cinema”, explica.
Após retornar ao Brasil, Luis Antonio montou sua produtora em 2005, quando fez o primeiro curta, O Segredo, com Murilo Rosa como um dos protagonistas. “Foi todo feito em película e parte da equipe do Jogo de Xadrez veio dali, da percepção de que nosso trabalho dava certo – caso da diretora de fotografia, a Kika Cunha”, informa.
Luis Antonio afirma gostar de trabalhar com atores, que pela primeira vez, atuam no cinema. “Sempre fiz e gostei de fazer isso, de mesclar atores conhecidos com os ainda desconhecidos pela mídia. Desde meu primeiro curta. Cerca de 60% a 70% do meu elenco veio de testes. Mais de 6 mil pessoas mandaram currículo e fiz 4 dias de teste para selecionar os coadjuvantes. É muito bom encontrar gente boa com gana, garra. Essa energia passa até para os atores mais experientes. Além disso, acho importante gerar essas oportunidades, algo que eu sentia que existia mais nas produções nos Estados Unidos”, comenta.

Fonte: Cultura Arte Pura

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