26 de mar. de 2014

Priscila Fantin interpreta uma prisioneira em Jogo de Xadrez

Num momento em que o Brasil assiste às prisões de políticos, empresários e banqueiros envolvidos em crimes de corrupção — no conhecido processo do mensalão —, o filme de estreia de Luis Antonio Pereira, Jogo de Xadrez, é providencial, justamente por revelar que este tipo de crime é cometido por pessoas ardilosas e que dificilmente são punidas.


A trama tem início com Guilhermina, ou Mina para as prisioneiras, vivida por Priscila Fantin, já cumprindo pena numa casa de detenção. Ela foi a única a ser penalizada por um crime de colarinho branco: ao lado do senador Franco, interpretado por Antonio Calloni, eles articularam um rombo na previdência. Revoltada com a traição do senador que quer se livrar dela a todo o custo, Mina lidera uma fuga, com a ajuda logística da irmã Jullienne (Cíntia Fellicio) e das comparsas Beth, vivida por Carla Marins, e Martona (Luana Xavier).
Como não poderia deixar de ser, o ambiente na prisão é totalmente hostil e Mina sofre represálias tanto das outras prisioneiras como do diretor (Tuca Andrada), que é pago pelo senador para dificultar a vida dela.O que a mantém viva são as provas contra o político, que poderão vir à tona a qualquer hora. Até articular a fuga, Mina passa por violências extremas e o que é revelado ao público é o universo de corrupção, traição, violência e iniquidade, tanto dentro como fora da cadeia.
 
O diretor, que assina também o roteiro, faz uma espécie de fotografia das prisões do país, tendo como base de análise o crime de colarinho branco cometido por um senador da república. No entanto, ao mostrar as peças do Jogo de Xadrez do sistema prisional brasileiro, o filme não consegue formular uma crítica contundente e muito menos propor uma discussão mais profunda sobre a questão. Os artífices do crime de corrupção (o político e a administração carcerária) ficam ilesos e o público sai da sala de exibição com a sensação de que a impunidade ainda reina neste país. Infelizmente.


Quero ressaltar o trabalho de composição de personagens, com destaque para Carla Marins, Priscila Fantin e Luana Xavier: suas prisioneiras — Beth, Mina e Martona, respectivamente —são defendidas com garra e verdade.

Fonte: Mauricio Mellone

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